Presidente da Fiesp desde 2004, Paulo Skaf, 58 anos, se diz firme nos planos de se lançar pela segunda vez ao governo do Estado de São Paulo no ano que vem, desta vez pelo PMDB. Em 2010, Skaf disputou a eleição para governador pelo PSB.
Ao Poder Online, ao som de música clássica na sua sala no prédio da Fiesp, Skaf diz que entrou na política com o objetivo de ser “propositivo” e que não tem a intenção de se contrapor a um ou outro campo. “Não pretendo fazer oposição a ninguém. Não entrei na política para me opor a ninguém”, diz ele. Confira a entrevista:

Paulo Skaf (Foto: Vanessa Carvalho/News Free/AE)
O senhor já está participando de encontros do PMDB pelo interior do Estado. Como tem sido?
Eu estive em São José dos Campos, São Caetano, Indaiatuba e Cedral. Foram todos muito bons, senti uma recepção muito boa, forte. A base do partido, além da vontade da direção nacional, do presidente (em exercício do partido, senador Valdir) Raupp, deputados estaduais e federais, vereadores, prefeitos, enfim, há realmente uma empolgação muito grande para que, depois de 20 anos, o PMDB tenha no ano que vem realmente uma candidatura a governador. É um voto de confiança. Lógico que eu repito que as coisas têm o seu momento – e neste momento, estamos aqui trabalhando – , mas continuo na presidência das entidades.
Quais devem ser suas bandeiras políticas? Alguns assuntos devem coincidir com o que o senhor defende como presidente da Fiesp e o que será seu discurso como candidato?
Como no caso não sou político de carreira, em 2009 foi a primeira vez que me filiei na vida, eu me apresentei como novidade em 2010. Novamente, nesse momento, me apresento dessa forma. Eu não tive cargo, carreira, mandato de deputado, minha vida esteve ligada mais a questões empresariais e institucionais, de entidades como Sesi, Fiesp, Senai, Ciesp. Nós temos uma cultura de resultado, o grande diferencial, sinto, que a gente pode oferecer é esse compromisso com resultado. E ter compromisso com resultado é ter compromisso com as pessoas e ter respeito pelas pessoas. Por exemplo, não adianta você inaugurar uma escola, isso não resolve o problema. Você tem que inaugurar uma escola em que os alunos aprendam, que os professores estejam estimulados, que a alimentação seja boa, que esportes sejam praticados e que tudo caminhe bem. Isso é compromisso com resultado. Você só inaugurar uma escola não quer dizer que ela atinja seu objetivo, que é os alunos aprenderem. Não adianta ter hospitais, unidades de saúde, se o atendimento não tem qualidade, se uma pessoa tem que esperar oito meses para fazer uma ressonância. Você tem que ter resultado, tem que fazer com que a pessoa tenha o atendimento e com eficiência, que saia satisfeita. Por exemplo, São Paulo gasta 1,3% do PIB com segurança pública, a Alemanha gasta 1,2%. Proporcionalmente, São Paulo gasta um pouco a mais do que a Alemanha. No entanto, enquanto a Alemanha tem um índice de homicídio de 0,8% a cada 100 mil habitantes, São Paulo tem próximo a 12 homicídios a cada 100 mil habitantes. Ou seja, você tem uma eficiência 12, 13 vezes menos. Precisamos incentivar transporte coletivo, mas fazer num ritmo de 2 km por ano de metrô. O Metrô tem 35 anos e tem 70 e poucos km. Então, na verdade, São Paulo precisa de outro ritmo. O mesmo em relação ao Rodoanel, Ferroanel, que é uma missão federal, mas que já deveria estar sendo feito, e tantos outros projetos que estamos discutindo até hoje e que são de 1980, 1990, que deveriam ter virado realidade em três, quatro anos. Um projeto ele é bom ou ruim, se é bom, ele tem que acontecer. O que eu penso disso tudo é que o grande diferencial é não falar só em fazer ou não fazer só por fazer, é falar menos e fazer mais, e fazer coisas que realmente funcionem, de resultado.
A sua experiência como empresário, então, na sua opinião, pode agilizar os trâmites burocráticos do Estado?
Não é só agilizar, para que fazer com que as coisas aconteçam, tem coisas aí há 20, 30 anos. O Sesi/Senai também tem licitação, tem Tribunal de Contas, essas coisas têm mesmo. Mas o importante é diagnosticar as dificuldades, definir o que precisa ser feito, resolver as questões e perseguir até ficar pronto e com qualidade, de forma com que as pessoas tenham resultado.

Skaf, junto com a cúpula do PMDB, no momento de sua filiação ao partido
Como o senhor tem lidado com o assédio de outros partidos, como o PSDB?
Eu não tenho assedio nenhum, comigo nenhum. Eu não tenho plano B, o partido PMDB tomou uma decisão, vai ter candidatura majoritária. Eu repito, nós não temos nenhuma candidatura agora, não existe nada em 2013, neste momento, estou na plenitude em meu trabalho. Eleição, candidatura, só em 2014. A realidade é que o PMDB tomou a decisão de ter candidatura própria e me colocou como pré-candidato. E a figura de pré-candidato é abstrata, o que vale é a candidatura. Mas a política é conversa e isso não significa assédio. O governador eu conheço há anos, converso sempre com ele, é normal a gente conversar e isso não significa nenhum assédio.
Como vai fazer esse possível enfrentamento no ano que vem? O senhor pretende fazer oposição ao governo atual?
Eu não pretendo a fazer oposição a ninguém, eu não entrei na política para me opor a ninguém. Eu quero dar propostas pró-ativas e quero dar uma contribuição, minha linha não será de oposição. É ser propositivo, ideias novas, propostas. Na vida, a gente aprende uma coisa, quando o resultado não é bom, você precisa mudar o jeito de fazer. O estado de São Paulo é um estado rico, deveria ser referência. Eu não tenho nenhuma razão de fazer oposição ao governo mas uma coisa é real, o grupo do atual governador está há 20 anos governando São Paulo, depois de 20 anos, com a melhor intenção que se possa ter, o jeito deles fazerem está aí, e certamente coisas boas foram feitas também. Se queremos resultados diferentes onde existem problemas, e problemas existem muitos, na saúde pública, educação, segurança, infra, transporte pública, logística, é preciso fazer diferente, inovadora, outro estilo, que possa dar contribuição boa, e para isso não precisa se opor a ninguém. A decisão será do povo de São Paulo que é bastante inteligente, sabe entender as coisas.
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