‘O PT comete grave erro ao julgar que manda no Congresso’, diz líder do PSDB
O deputado Antonio Imbassahy (BA), líder do PSDB na Câmara, garante já ter o número de assinaturas suficientes para instalar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras. Ele é autor de dezenas de requerimento sobre a Petrobras desde 2012.
Na terça-feira, PPS, DEM, SDD e PSDB se reúnem para revisarem o texto da Câmara e deixarem igual ao do Senado e também para a articulação da implantação da CPMI.
Para Imbassahy, não há dúvidas de que a presidente Dilma Rousseff (PT) tem responsabilidade por ter autorizado a compra da refinaria de Pasadena, em 2006. Ele também critica a maneira que classifica como “arrogante” do governo federal de achar que o PT “manda no Congresso”.
O negócio é investigado por três instâncias: Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas da União. A Petrobras pagou US$ 360 milhões à Astra Oil por 50% da refinaria, em 2006. Um ano antes, a empresa belga havia adquirido a unidade inteira por US$ 42,5 milhões.
A Petrobras ainda teve de pagar mais US$ 820,5 milhões após ser obrigada judicialmente a comprar os outros 50% da refinaria com base em uma cláusula no contrato que estabelecia que, em caso de litígio entre sócios, um deveria comprar a parte do outro.
Poder Online – Como está a articulação na Câmara para a CPMI?
Antonio Imbassahy – Já temos o número suficiente para a CPMI, que é uma proposta conjunta do deputado Rubens Bueno (PR), líder do PPS. Temos mais do que as 171 assinaturas que são necessárias. Mas ela tem um texto diferente da que foi assinada no Senado. Na terça-feira, vamos nos reunir com o PPS, DEM e SDD para mudarmos o texto e deixar igual ao do Senado para não ter problemas de questionamento.
Quais as diferenças entre os dois textos?
O texto do Senado está mais atualizado e coloca a compra de Pasadena, a denúncia de propina da empresa holandesa de locação de plataformas e a investigação de plataformas que estariam operando no mar sem que todos os equipamentos estivessem instalados, oferecendo risco de segurança para os operários. É importante deixarmos os textos iguais para não ter questionamento da mesa diretora da Câmara e do Senado.
O senhor acredita que o PT vai tentar fazer na Câmara o que fez no Senado, de pedir para os parlamentares retirarem a assinatura?
Pelas informações que temos, já estão tentando, mas não vão obter sucesso. É desmoralizador para qualquer parlamentar. Os senadores que foram abordados já declararam que não vão retirar. E no Senado tem folga, precisava de 27 assinaturas, foram 29.
O senhor está contando com o apoio do PMDB?
Na Câmara é mais fácil, se no Senado que era mais difícil, passou, na Câmara o blocão vai assinar, vai ser bem mais fácil.
O PT está tentando colocar o caso Alstom/Siemens na CPI da Petrobras. O senhor acha possível?
Não deve passar, é uma tentativa de desviar o foco, é muito evidente que eles querem desviar o foco de uma investigação de grande importância.
O PT alega que é uma CPI eleitoreira.
O PT comete grave erro ao julgar que manda no Congresso. Aliás, esse é o cacoete do Planalto, de uma atitude arrogante que quer transferir para o Congresso. Não vai prosperar.
Já dá para ter uma previsão de início dos trabalhos da CPMI?
Difícil dizer, mas acredito que até a segunda quinzena de abril. Não pode deixar escapar, está grande a pressão.
Alguns tucanos falam em responsabilidade da presidente Dilma Rousseff. O senhor acredita nisso? Quais crimes serão investigados?
Não tenho dúvidas de que ela teve responsabilidade na medida que ela autorizou a compra da Pesadena e que isso gerou um prejuízo ao patrimônio. Pela Lei das Sociedades Anônimas, que não tenha sido doloso, mas é culposo. E há indícios de lavagem de dinheiro e evasão de divisas nas transações da Petrobras.
Documentos da Petrobras encaminhados ao Congresso em resposta a requerimentos do senhor chegaram violados. Quando foi isso? O que aconteceu?
O envelope chegou aberto no meu gabinete. Ao conferir a documentação, estavam faltando duas páginas, exatamente as que eram sobre Pasadena. Isso foi em dezembro de 2012. Registrei na época o que houve e logo depois recebi tudo completo. Uma investigação da Câmara concluiu que houve um erro de um servidor.
A bancada do PSDB na Câmara também está trabalhando contra o Mais Médicos. Quais as ações estão sendo feitas?
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara, com o deputado Eduardo Barbosa (MG), pedirá à Organização Internacional do Trabalho (OIT) e à Organização das Nações Unidas (ONU) para verificar as cláusulas que violam os direitos humanos no contrato de trabalho feito pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que contrata os médicos cubanos. O governo de Cuba recebe cerca de 70% do valor pago pelo governo brasileiro, não recebe integral.