De seu escritório em Natal (RN), o senador e coordenador-geral da campanha do tucano Aécio Neves, José Agripino (DEM-RN), acompanhará a apuração de votos deste domingo. Otimista, ele afirma que “o povo já entendeu que o Brasil pode mudar é com o Aécio” e nega que declarado apoio a Marina Silva antes da hora.

O coordenador-geral da campanha presidencial de Aécio Neves, Agripino Maia (DEM-RN). Foto: Agência Brasil
“Eu nunca disse isso, me interpretaram mal”, desconversa. “Eu disse: se Aécio, por ventura, não fosse para o segundo turno, a intenção seria a união em torno do mal maior, que é o petismo, aí colocaram na minha boca o nome da Marina, mas eu nunca falei nele”, disse Agripino ao Poder Online.
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Com a possibilidade de Aécio chegar ao segundo turno, entretanto, o senador já trabalha com a hipótese de adesão do PSB à candidatura tucana. “É evidente que vamos buscar o apoio de todos os aqueles que se posicionam contra o petismo. Claro que vão se abrir perspectivas de diálogo com o PSB, mas é Aécio quem vai definir o timing disso”, afirma. Leia abaixo os principais trechos da conversa:
Senador, qual a expectativa de vocês para hoje? Aécio Neves deve mesmo ir ao segundo turno?
O Ibope e Datafolha já deram Aécio no primeiro turno. Que é a expectativa que nós tínhamos, em função da curva ascendente de Aécio e descendente de Marina, que está se concretizando. Eu acho que o contentor da Dilma no segundo turno será Aécio. Pra mim, a razão é muito simples. O povo entendeu que o Brasil pode mudar é com o Aécio. Marina seria uma espécie de filial do PT, ela não é a mudança autêntica, não representa o fim do petismo. Para derrotar o petismo, você tem uma alternativa e o povo já entendeu que é Aécio.
Ontem, durante a campanha, Aécio chegou a dizer que “ninguém era melhor do que ninguém” e que não havia “diferenças” entre ele e Marina Silva. O que essa declaração representa?
Um gesto de simpatia.
Já pensando no segundo turno?
É um gesto de simpatia.
Caso Aécio chegue ao segundo turno, qual é a expectativa de transferência de votos de Marina para o PSDB?
Não quero subestimar nenhum candidato. Nem Levy Fidelix, nem Eduardo Jorge, nem Luciana Genro, nem Marina. Mas os brasileiros estão divididos entre aqueles que apoiam o petismo – com seu mensalão, com sua crise da Petrobras, com seu aparelhamento do estado, com sua economia desfalecendo – e os que estão contra o petismo. Estes vão se fixar, vão tomar posição claramente. Então os apoios são importantes? São. Mas numa eleição, o povo brasileiro vota em quem quer.
Mas, especificamente com relação a uma possível transferência de votos do eleitorado de Marina Silva para o PSDB, vocês ainda não teriam um cálculo?
É evidente que ter apoios é importante, mas num pleito presidencial, o fundamental é ter as ideias que condizem com o pensamento individual do eleitor. As lideranças têm de ser respeitadas, mas, acima de tudo, quem vai decidir a eleição do pleito são as ideias. Quem está com o petismo e quem está contra o petismo.
Antes dessa reviravolta, o senhor chegou a sinalizar um apoio a Marina Silva, num eventual segundo turno contra Dilma. Nas suas palavras, seria algo a se fazer “contra o mal maior, que é o PT”…
Eu nunca disse isso, me interpretaram mal. Qual é a intenção do Democratas? É que, unidos ao PSDB, nós consigamos levar a eleição para o segundo turno. Me perguntaram: “e se Aécio não for para o segundo turno?”. Eu disse, se Aécio, por ventura, não fosse para o segundo turno, a intenção seria a união em torno do mal maior, que é o petismo, aí colocaram na minha boca o nome da Marina, mas eu nunca falei nele. O que falei seria uma coisa lógica, evidente. Mas, graças a Deus, com o trabalho que fizemos para levar Aécio para o segundo turno, estamos chegando perto disso.
Então as divergências com os tucanos da coordenação já foram superadas?
Superadas não, já foram esclarecidas.
Com o crescimento do PSB nestas eleições, o partido acabou ocupando um espaço inesperado no cenário político. Existe algum temor, por parte do DEM e do PSDB, de que esse grupo possa substitui-los como principal oposição ao PT na política brasileira, daqui para frente?
Deixe eu lhe falar uma coisa. Se Aécio for para o segundo turno, a primeira coisa que a gente vai fazer na segunda-feira é nos reunirmos, entre os partidos aliados e, a partir daí, adotar uma estratégia de conduta. Quem assegura que o PSB não poderá estar junto com o PSDB, o DEM e o Solidariedade? Eu não estou lhe dizendo se vai ou não estar, mas por que excluir? Se nós formos para o segundo turno, é evidente que vamos buscar o apoio de todos os aqueles que se posicionam contra o petismo. Claro que vão se abrir perspectivas de diálogo com o PSB, mas é Aécio quem vai definir o timing disso.
Nas últimas legislaturas, o DEM tem observado uma redução constante de sua bancada no Legislativo. Existe uma dificuldade de se formar novas lideranças, nesse escopo político? Qual é a expectativa para o próximo ano?
Você está se esquecendo de que Paulo Souto (DEM-BA) está a um passo de ser eleito governador da Bahia, o quarto maior estado do Brasil. Nós temos eleitos dois senadores reeleitos, pelo menos. Maria do Carmo (DEM-SE) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) e podemos ter um terceiro senador eleito que é o Davi Alcolumbre (DEM-AP). Vamos eleger mais de 27 deputados federais, que é o que temos hoje. As perspectivas estão muito boas. Isso tudo começou na última eleição de prefeitos, quando elegemos o prefeito de Aracaju (João Alves Filho) e o prefeito de Salvador (ACM Neto). Nós estamos em um processo de crescimento.