Mesmo em meio ao esforço concentrado desta semana na Câmara dos Deputados, parlamentares não resistiram ao jogo da seleção brasileira às vésperas da estreia para a Copa do Mundo.
Mesmo com o plenário cheio devido às votações pautadas para a semana que antecede o começo da Copa, o cafezinho da Câmara acabou bem mais disputado que de costume.
Muitos deputados se revezam entre os debates no plenário e uma espiadinha no desempenho do time de Felipão.
Não se sabe ainda qual o efeito que a invasão de ontem da Câmara pelos lobistas da polícia terá sobre os deputados. Mas dificilmente haverá quorum hoje para votação de emendas constitucionais.
Foram 200 os deputados que faltaram à convocação extraordinária ontem. Hoje esse número deverá aumentar, pois muitos deputados, diante do plenártio esvaziado, avisaram que voltariam para a campanha eleitoral em seus estados imediatamente.
Esta é mais uma semana em que o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), convocou os deputados para interromperem a campanha eleitoral e promoverem um esforço concentrado de votações em plenário.
Mas o líder do Partido Democratas, Paulo Bornhausen (SC), avisa que enquanto não for votada a regulamentação da Emenda Constitucional número 29, que destina recursos para a Saúde, irá obstruir todas as votações.
Exceto a da Emenda Constitucional número 300, aquela que estabele um piso salarial para policiais e bombeiros de todo o país, que o governo é contra.
O fotógrafo Orlando Brito captou a grande preocupação dos senadores convocados para o esforço concentrado do Congresso com suas campanhas. Os três que estão aí pendurados no celular são candidatos: Marco Maciel (DEM-PE) e Delcídio Amaral (PT-MS) concorrem à reeleição, e Renato Casagrande (PSB-ES) disputa a vaga de governador de seu Estado.
A senadora Marina Silva suspendeu a sua licença e participou do esforço concentrado do Congresso. É verdade que o esforço concentrado não foi grandes coisas.
E Marina acabou sendo a grande estrela do Parlamento nesses dias. Por onde passava, uma multidão de repórteres a seguia em busca de notícias. Também não conseguiram grandes coisas.
Abordada pela imprensa, a candidata à Presidência pelo PV disse que estava preparada para o debate de hoje à noite, que o debate é isso e aquilo e coisa e tal… Bem, você pode conferir no vídeo abaixo.
Segundo os marqueteiros é exatamente esse o ponto fraco da candidata: um monte de frases politicamente corretas, mas sem algo que chame a atenção, de fato das pessoas. Se ela se comportar assim no debate, pode acabar não se saindo muito bem.
O dia hoje é só de reclamações no cafezinho da Câmara dos Deputados. Descontentes com a falta de acordo entre os líderes em torno de uma pauta de votação, os parlamentares apelidaram o esforço concentrado de “desconcentrado”.
E também reclamaram muito do almoço da base aliada na casa do deputado Luciano Castro (PR-RR), no Lago Sul. Por lá, segundo quem participou, o clima era de sala de despachos: todo mundo atrás dos ministros para saber o andamento de suas emendas.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), moverão mundos e fundos para tentar aprovar no esforço concentrado, marcado para a semana que vem, a regulamentação — ou seja, contratação pelo governo federal — dos servidores públicos federais e municipais dos ex-territórios do Amapá e de Roraima.
E os demais líderes também moverão mundos e fundos para aprovar a medida provisória 483, que transformou em ministérios as secretarias especiais de Direitos Humanos, de Política para Mulheres, de Igualdade Racial e dos Portos .
A MP 483 também criou 190 cargos a serem preenchidos sem concurso público pelo Ministério da Saúde, incluindo os destinados à estrutura da Secretaria Especial de Saúde Indígena, e outros 16 para o Ministério da Integração Nacional, gerando uma despesa adicional aos cofres públicos de cerca de R$ 10,6 milhões.
O presidente da Câmara, Michel Temer, convidou informalmente os líderes dos partidos para uma reunião prevista para começar hoje por volta das 14h30. O objetivo é definir as duas semanas — uma em agosto e outra em setembro — em que será realizado um esforço concentrado para a votação de matérias urgentes.
Os líderes também vão negociar as pautas que serão votadas durante esse período. Ao que tudo indica, Temer deu o braço a torcer e deve incluir a votação de um destaque da Emenda Constitucional 29 que cria a Contribuição Social para a Saúde (CSS), nos moldes da extinta CPMF. A oposição quer a derrubada desse destaque e a destinação, para a saúde, de 10% da receita da União; 12%, dos Estados; e 15%, dos municípios.
Formada em comunicação pela Universidade Federal do Espírito Santo, a mineira Luciana Lima trabalhou em redações de jornais impressos, rádio, TV e internet, veículos pelos quais teve a oportunidade de atuar em grandes coberturas internacionais e pelos bastidores da política brasileira.